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Ruca pela primeira vez no Centro de Alto Rendimento no Brasil

23 de Agosto, 2023

Rui Martins, mais conhecido nas mesas por “Ruca”, pertence à Polarize Team MTT desde 2017 e destaca-se como Jogador de High Stakes, pertencendo, atualmente, ao nível 6.5. O Ruca tem 29 anos, é natural de Viana do Castelo e antes de se dedicar 100% ao poker ainda trabalhou a full-time em diversos locais.

Como começaste o teu percurso no poker? 

Comecei com 18 anos quando entrei para a Universidade, experimentei e joguei com amigos meus. Depois descobri o poker online. Entretanto quando saí da universidade andava à procura de emprego e como estava desempregado tinha mais tempo para jogar. Por volta de 2015 quando o poker “fechou” em Portugal fiquei um ano sem jogar. E, passado um ano, quando vi a notícia sobre a Polarize na PokerPT, enviei a candidatura! Entrei em 2017, estive um ano a jogar e a trabalhar! Entretanto passado um ano despedi-me e dediquei-me a 100% ao poker.

Como é a tua rotina num dia de grind?

Costumo acordar por volta das 12h/13h por causa de jogar, cozinho, lavo a louça, faço uma caminhada até à padaria, vou tomar banho e preparo-me para jogar. Ao longo do dia vou comendo nos breaks. No fim da sessão como uma sopa e vou-me deitar por volta das 2h.

Que estratégias ou abordagens acreditas serem essenciais para teres sucesso?

Acima de tudo tentar ser consistente. Não vale a pena dedicares-te muito um ou dois meses, e depois deixares. É preciso ter uma dedicação constante. E, além disso, apesar de não se falar muito nisso, acho necessário que se goste de arriscar. Especialmente, quanto mais sobes, quanto mais a competição é mais difícil.

Quais são as principais diferenças que notas entre jogar online e ao vivo?

Jogar ao vivo tem muito mais despesas associadas, tais como, a viagem, custo do hotel, alimentação, deslocações, … No entanto, temos a oportunidade de conhecer um sítio novo, ver colegas nossos, conviver com outros profissionais portugueses e até conhecer outras pessoas. Também dá para jogar torneios muito mais caros, por exemplo, no Monte Carlo joguei um torneio de 25.000€ que tinha bastantes recreativos. 

Outras diferenças entre o live e online são a falta de preparação e experiência e, também, ser fora da zona de conforto. Por exemplo, no online a rotina diária é praticamente sempre a mesma. Por outro lado, no live  há pequenos pormenores que afetam a nossa performance. E, ainda, por exemplo, a cadeira era completamente diferente da minha e passado umas horas já me começava a doer as costas e o pescoço.

Além disso, o live tem a desvantagem de quando passamos a dias 2 e somos eliminados cedo do torneio depois podemos não ter mais nada disponível no schedule para jogar. 

O teu último evento live foi o EPT no Mónaco. Pensas ir a mais algum evento live este ano?

Estou a pensar ir ao EPT de Praga, na República Checa. Relembramos que, as datas do festival são entre 6 e 17 de dezembro de 2023. 

Como lidas com a variância? Já passaste por alguma downswing longa?

Passei por uma downswing, no início da carreira, porque tive alguns problemas pessoais e, além disso, ainda não sabia muito bem como ser profissional.

Mais recentemente passei por umas downswings grandes em termos de valor mas foi um pequeno número de torneios e durante pouco tempo.

Que conselhos darias a jogadores de nível 1-2 que querem chegar aonde tu estás?

Primeiro de tudo perceber se é mesmo isso que querem, ou seja, perceberem se estão só no poker para ganhar dinheiro ou se gostam mesmo da profissão! Depois, acima de tudo é preciso ter mesmo muita calma e paciência! O foco nos níveis 1 e 2 deve ser realmente aprender e não pensar no dinheiro. Por outras palavras, o foco deve ser no processo e ter calma porque os resultados, eventualmente, vão aparecer. Cada um tem o seu timing!

Quais são os softwares ou ferramentas de estudo que consideras essenciais na tua rotina de treino?

Acima de tudo, softwares com soluções de pré-flop e pós-flop. Portanto, para o pré-flop agora apareceu o Preflop Academy e para o pós-flop costumo utilizar o GTO Wizard.

No entanto, acima de tudo, é necessário o jogador ter um pensamento crítico e pensar sobre a lógica e o porquê das soluções que estes softwares apresentam. 

Costumas fazer review das tuas mãos?

Eu não olho muito para o meu próprio jogo para não me envolver muito emocionalmente. Por exemplo, começar com pensamentos ruminativos sobre “eish, foi neste spot com esta mão que perdi o meu lugar em X torneio ou podia ter ganho x e perdi”

Por outro lado, tento sim estudar de forma mais generalizada! Ou seja, para mim não me interessa resolver especificamente determinado pequeno erro que tive numa mão, mas sim interessa ter uma ideia generalizada da situação. Portanto, para isso preciso de resolver mais spots hipotéticos da situação em causa.

Conta-nos sobre a tua experiência no centro de alto rendimento do Brasil. Como é que afetou o teu jogo?

Foi uma experiência muito boa, especialmente, pelo convívio com o pessoal, o desporto e os horários. A troca de experiências com o pessoal foi muito boa, ou seja, levar aprendizagens da rotina dos outros jogadores. Não tenho nada a apontar de negativo, foi mesmo uma experiência incrível! A única coisa menos positiva foi ter jogado sempre 6 dias o que para mim percebi que era demasiado. No entanto, é algo que vou corrigir na próxima ida para o Brasil que será já no WCOOP, em setembro.

Qual consideras que foi a maior vantagem de jogares no centro de alto rendimento?

O convívio com os meus colegas de equipa,  o horário que é muito melhor do que Portugal e poder praticar desporto todos os dias.

Por fim, um grande obrigado ao nosso jogador Ruca pela sua disponibilidade para esta entrevista.

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